segunda-feira, 26 de junho de 2017




Estou aqui para te amar, para te segurar nos meus braços, para te proteger. Estou aqui para aprender contigo e para receber o teu amor em troca. Estou aqui porque não existe outro sítio onde possa estar.

(As palavras que nunca te direi)








sábado, 24 de junho de 2017




Não pretendo elevar-me aos teus calcanhares. Apenas procuro o teu regaço.
Dorme bem.




quinta-feira, 22 de junho de 2017




Segue o corpo
Dá-lhe pousio e esgotamento.


João Almeida








Nas paredes devolutas, encontraste pássaros,
grinaldas frias, versos sem dono
nem sentido. Perto, ou muito longe,
três velas teimavam em iluminar-te os passos.
O cravo, azul, veio ao nosso desencontro.
Mas era de papel, embora rubro;
não nos podia salvar de sermos nós.

A festa, a única que me interessa, é o teu nome.


Manuel de Freitas










E de súbito desaba o silêncio.

É um silêncio sem ti,
sem álamos,
sem luas.



Só nas minhas mãos
ouço a música das tuas.


Eugénio de Andrade, Sem ti







Ninguém chama por mim
Nem chamo por ninguém.
Instante calmo e triste...
Como a vida está longe!

Luís Amaro








Vago sabor de outono
E de coisas extintas.
Nem desejos nem dor...
Meu coração esquece.

Luis Amaro




terça-feira, 20 de junho de 2017



... E depois do Adeus...




Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus


Chico Buarque








Se nós, nas travessuras das noites eternas

Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir


Chico Buarque






segunda-feira, 19 de junho de 2017



Que faísca fugiu do teu olhar

Ruy Belo








Se um dia sem remédio
ou uma noite por acaso
tropeçarmos um no outro,
vou-me fazer selvagem
e às dentadas hei-de
morder-te por todo o lado.

Que ávido animal de mim fizeste!


Javier Lasheras








Em silêncio após vários dias, continuamos.

E ainda hoje continuamos.


Nuno Moura




domingo, 18 de junho de 2017




Sempre vivi num reduto, sempre fui uma míngua de terra encostada a um muro. Mas o reduto estreita-se, o muro já mal me deixa mover nesse espaço exíguo que foi quanto me habituei a esperar da vida e era, visto de agora, um lugar feliz, uma cara onde o sorriso cabia.

Jorge Roque











E peço ao vento: traz do espaço a luz inocente
das urzes, um silêncio, uma palavra;
traz da montanha um pássaro de resina, uma lua
vermelha.

Herberto Helder




sábado, 17 de junho de 2017






passo o dia a florir os campos para ti

Al Berto









Tudo para os olhos.

E nos olhos um ritmo,
uma cor fugitiva,
a sombra duma forma,
um repentino vento
e um naufrágio infinito.

Octavio Paz

(desejo-vos uma fresca tarde)




sexta-feira, 16 de junho de 2017

quinta-feira, 15 de junho de 2017

quarta-feira, 14 de junho de 2017





Nem sempre me incendeiam o acordar das ervas e a estrela 
despenhada de sua órbita viva. 
- Porém, tu sempre me incendeias. 


Herberto Helder




segunda-feira, 12 de junho de 2017






Sentada esperava-te
na pedra de sempre.
À margem do tempo
escrevia meus versos no chão
enquanto o vale entardecia
e a linha da sombra
subia devagar
pela outra encosta.
Imóvel desfolhava a solitária flor do desalento.
Virá, não virá.
Quando as sombras atingirem a casa,
quando o último raio acariciar o cume...
E tu sempre voltavas,
os bolsos cheios de calor,
ao chegar o tempo frio.



Irene Sánchez Carrón, Borboletas no estômago







domingo, 11 de junho de 2017





Sentavas-te junto à esteira
e acendias os cabelos numa lágrima.
Em silêncio ias moldando entre os dedos
luas muito cheias que depois me ofertavas,
dizendo, abre no meu rosto
um poema a pique por onde a luz se despenhe.
Só tu conhecias a inclinação certa do cachimbo,
a púrpura linguagem do fumo,
a revelada cadência dos sonhos.
E eu amava-te pela maneira como os barcos
sangravam nos teus lábios.


Jorge Melícias, Iniciação ao remorso.








A vida é isso que estas a ver:

Hoje sorris,
Amanhã não sorris,
E segunda-feira ninguém sabe o que será.



Carlos Drummond de Andrade.











Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,

e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos

e procuram
nos meus navegação segura,

é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,

pelo silêncio fascinadas.


Eugénio de Andrade, Obscuro Domínio.







Noites e dias 
e uma noite em que cabem 
todos os dias.

José Luís García Martín






sexta-feira, 9 de junho de 2017





Creio no incrível, nas coisas assombrosas, 
Na ocupação do mundo pelas rosas, 
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen. 



Natália Correia









Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo
Espero a atenção a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão poisada sobre a mesa

É então que se vê passar o silêncio

Navegação antiquíssima e solene



Sophia de Mello Breyner Andresen, Espera
in Geografia










saiu para a rua.embrenhou-se na espessura da noite, amou e traiu, seduziu e deixou-se seduzir, morreu um pouco todas as manhãs e nunca mais regressou ao que tinha sido.

Al Berto





quinta-feira, 8 de junho de 2017



A lua veio enfim.
E tu voltada para o céu, cantando, cantando.


Vergílio Ferreira, Aparição








Como te defendes de mim.
Como resistes,
lá da torre da ausência,
agitando o lenço para sempre,
sem forma nem cor,
fumo apenas,
aérea e rígida na tua nuvem,
dizendo adeus ao mundo e a meus braços,
morta, levíssima.
Como te defendes de mim.
Como, no fim, me derrotas
e me sepultas, também a mim,
na cova sem flores do esquecimento,
onde meus ossos não saibam
da tua cobardia.


Luís Alberto de Cuenca,
Como te defendes de mim








terça-feira, 6 de junho de 2017

segunda-feira, 5 de junho de 2017




Depois de te perder

Te encontro, com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu



Chico Buarque, Todo o sentimento












Vou pra rua e bebo a tempestade 

Chico Buarque 








De terra vem a água e da água a alma
o tempo é a maré que leva e traz
o mar às praias onde eternamente somos
Sabemos agora em que medida merecemos a vida



Ruy Belo, Orla marítima