sexta-feira, 28 de junho de 2019





Cada palavra
que aventei nessa tarde
sob o chuvisco salgado,
uma tentativa
absurda,
braçada após braçada,
de chegar à tua beira.


María Laura Decésare




quarta-feira, 26 de junho de 2019



Caminhou um pouco...através das voltas sombrias de muitos canais, por baixo de varandas com delicadas escultuas em mármore ladeadas por leões esculpidos; dobrou esquinas apertadas, passou por melancólicas fachadas com antigo escudos comerciais nas águas oscilantes.

Thomas Mann




domingo, 23 de junho de 2019



Esse singular transporte, inalterado desde tempos lendários, negro como nenhuma outra coisa na terra, excepto um caixão, que nos sugere imagens de aventuras silenciosas pela noite...

Thomas Mann




sexta-feira, 21 de junho de 2019



só olhos na água ou ar
visíveis (como orifícios na onda)
pois tudo o que vê logo desvia o olhar
do pântano possível

Fiama Hasse Pais Brandão




quarta-feira, 19 de junho de 2019




A beleza, meu caro Fedro, e apenas ela, é simultaneamente visível e enlevadora.

Thomas Mann





terça-feira, 4 de junho de 2019



Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.

Olavo Bilac





segunda-feira, 3 de junho de 2019



Eu vivi em muitos lugares, e de um deles tenho a ideia estranha de que lá vivi por necessidade da minha iniciação no fantástico. Era uma terra perdida...A casa em ruínas, com uma nogueira centenária no pátio interior, favorecia os improvisos da imaginação. 

Agustina Bessa Luís





domingo, 2 de junho de 2019



A cada dia a sua descoberta: a luz
acesa pra se ver a côr dos sons.


António Barahona