domingo, 28 de maio de 2017




Se não fosse por ti...
se não fosse por ti, que todas as tardes
me fazes teu quando o sol se põe,
quando tudo é tão belo por ser triste,
e mais me afundas na terra
as raízes de homem, tão só
ao sol poente em que Deus se escapa.
O que seria de tudo, o que seria
de nós? Nunca jamais veríamos
o secreto mistério das coisas.


Oh, tu, tristeza, mãe da beleza toda
criada pelo homem na dor nascida
da tua mão de castigo...
Não te apartes de mim, vem cada dia
entristecer-me, fazer-me homem e fillho teu...
Visita-me.

Vicente Gaos, À tristeza






Sem comentários:

Enviar um comentário