Deixa que te diga como o tempo ficou
pesado desde o último voo em torno do mistério…
Procuro agora respostas no frasco cheio das pedras
que trouxe do sapal
Pequenas lisas de cores suaves
Pequenas lisas de cores suaves
Elas permanecem no seu ofício de in-quietude
guardam o silêncio prendem a memória dos dias felizes
mas não me dizem o que fazer comigo
com as minhas mãos sem préstimo
com o meu corpo cansado com as palavras
que se escondem perdido o jeito
que se escondem perdido o jeito
de inventar sorrisos no oceano adormecido
nos teus olhos
Deixa que te diga como o tempo ficou pesado
desde a derradeira tempestade
Deixa que te diga como o tempo ficou pesado
desde a derradeira tempestade
quando as águas vieram inundar tudo em redor
com o seu rasto de lágrimas
E nem o sol soube
E nem o sol soube
secá-las no meu peito dorido
Mas não receies
Mas não receies
é talvez só a morte disfarçada de leveza
que me acena ao longe discreta e cúmplice
com a mais diáfana e enternecedora nuvem…
Mário Contumélias, Nuvem, in Sobre pequenas coisas
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