domingo, 16 de abril de 2017




Deixa que te diga como o tempo ficou

pesado desde o último voo em torno do mistério… 

Procuro agora respostas no frasco cheio das pedras

que trouxe do sapal 
Pequenas lisas  de cores suaves 
Elas permanecem no seu ofício de in-quietude 

guardam o silêncio prendem a memória dos dias felizes
mas não me dizem o que fazer comigo 
 com as minhas mãos sem préstimo 
 com o meu corpo cansado com as palavras 
que se escondem perdido o jeito
de inventar sorrisos no oceano adormecido 
nos teus olhos 
Deixa que te diga como o tempo ficou pesado 
desde a derradeira tempestade 
quando as águas vieram inundar tudo em redor
com o seu rasto de lágrimas 
E nem o sol soube
secá-las no meu peito dorido 
Mas não receies
é talvez só a morte disfarçada de leveza 
que me acena ao longe discreta e cúmplice
com a mais diáfana e enternecedora nuvem…


                                    Mário Contumélias, Nuvem, in Sobre pequenas coisas









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