Sou um homem do Inverno
Gosto da neblina da atmosfera pardacenta
da luz baça do dia
Gosto das temperaturas do frio
do vento cortante
Até da chuva e de submergir
os pés nas poças de água
os pés nas poças de água
Gosto do calor
que a noite pede – um copo de vinho partilhado
que a noite pede – um copo de vinho partilhado
uma manta à lareira da conversa
um metermo-nos na cama corpo a corpo
nus como se fossemos jovens
O Inverno é triste
um metermo-nos na cama corpo a corpo
nus como se fossemos jovens
O Inverno é triste
mas tem uma maneira doce de ficar
E inventou a Primavera
Gosto da Primavera nas flores
Gosto da Primavera nas flores
na erva rasteira tão verdinha
Nas pedras grávidas de sol
nas migrações das aves
Sou um homem do Inverno
porque em nenhum outro ciclo
a terra está tão presente
Molhada da chuva
exala um cheiro que nos invade
exala um cheiro que nos invade
vai ao mais fundo de nós
Transforma-nos
O Inverno é o cinzelador do tempo
o mediador entre a morte e a vida
Ai Inverno não demores a vir
O Inverno é o cinzelador do tempo
o mediador entre a morte e a vida
Ai Inverno não demores a vir
Mário Contumélias, Inverno
in Sobre pequenas coisas
5*
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