quinta-feira, 16 de março de 2017






Lembro-me que, quando estava em casa 
da minha mãe, no meio da planície,
havia uma janela que olhava
para os campos; ao fundo, a linha do bosque
ocultava o Ticino e, mais ao longe,
havia uma tira escura de colinas.
Eu não vira o mar então senão
uma vez, mas tinha-lhe uma áspera
saudade de enamorada.
Para a noite, fitava o horizonte,
cerrava um pouco os olhos, afagava
as cores e contornos por entre os cílios.
E a linha do relevo aplainava-se,
azul, trémula – para mim era o mar
e agradava-me mais que o mar verdadeiro.

Antonia Pozzi, Amor da lonjura




1 comentário: