sábado, 17 de outubro de 2020


 




A água cai em cordões verticais e vivos, cantando.

Cria-se uma nova, ou muito velha, espécie de solidão em que o súbito 
gosto da pureza se mistura ao temor.

A água é uma delicadíssima e exaltante matéria.

Talvez os homens desejassem estender-lhe as mãos voltando-as de 
todos os lados para ficarem bem molhadas.

Uma água vasta e nua, uma água maternal.


Herberto Helder





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