A água cai em cordões verticais e vivos, cantando.
Cria-se uma nova, ou muito velha, espécie de solidão em que o súbito
gosto da pureza se mistura ao temor.
A água é uma delicadíssima e exaltante matéria.
Talvez os homens desejassem estender-lhe as mãos voltando-as de
todos os lados para ficarem bem molhadas.
Uma água vasta e nua, uma água maternal.
Herberto Helder
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