sábado, 27 de janeiro de 2018




Dizes que é absurdo o universo,
que a vida não tem sentido.
Mas não é um sentido o que eu busco,
uma explicação, uma promessa,
é o estar aqui e à deriva:
uma simples garrafa na praia
à espera da maré.
Sim, a palavra justa é abandono,
uma doce renúncia que me designa
dono e senhor no fim da minha estrada.
Os afãs do mundo
que fiquem para outros e meu mundo seja
a magia desta casa
tomada pela penumbra em seu sossego,
o saber que ninguém virá
interromper minha tarde,
que não haverá sobressalto,
nem vozes, nem horas fixas,
porque é só deixar correr,
agora, a minha grande tarefa.

Vicente Gallego




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