quinta-feira, 30 de julho de 2020





Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!

Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa



quarta-feira, 29 de julho de 2020




Se fosses luz serias a mais bela
de quantas há no mundo: - a luz do dia!


António Botto




terça-feira, 21 de julho de 2020




Este céu passará e então
teu riso descerá dos montes pelos rios
até desaguar no nosso coração.


Ruy Belo




sábado, 18 de julho de 2020




A Régua
assemelha-se
       a um pensamento
com
       suces-
              sivas ideias
prestes a entrarem
nos lábios
do rio.


António Cabral




quinta-feira, 16 de julho de 2020




Deixa entrar a luz,
deixa-a entrar,

que se acomode,
que abra a mala;

dá-lhe de comer,
não a ponhas fora;

deixa-a andar pela casa.




Eduardo Dalter




terça-feira, 14 de julho de 2020



As palavras cintilam
 e o seu rumor 
ágil e esquivo 
 como o vento 
fala de amor e solidão

Carlos de Oliveira


segunda-feira, 13 de julho de 2020



Para trás ficavam as capelas imperfeitas 
e a tranquila majestade dos olmos. 
Amara-os aos dois no intervalo 
um do outro, na iminência sempre de um naufrágio ...

Eduardo Pitta






domingo, 12 de julho de 2020




Sabe-se então pelo silêncio em volta,
sabe-se em volta que são lírios
sonoros.

Passando
as mulheres colhem estes sons irrompentes,
e as mãos ficam negras junto à beleza
insensata.



Herberto Helder







quarta-feira, 8 de julho de 2020




De terra vem a água e da água a alma
o tempo é a maré que leva e traz
o mar às praias onde eternamente somos
Sabemos agora em que medida merecemos a vida



Ruy Belo





quinta-feira, 2 de julho de 2020




Escrever
a água
da palavra mar
o vôo
da palavra ave
o rio
da palavra margem
o olho
da palavra imagem
o oco
da palavra nada.



Maria Esther Maciel









quarta-feira, 1 de julho de 2020