domingo, 18 de dezembro de 2016





Nos braços daquela solidão
longe do ruído do betão
apesar de humanidade
e a sua ambição,
decidi voltar atrás
desistir nunca da paz.
A beleza insular
não chega sem partilhar.

Aline Frazão, Insular





quinta-feira, 15 de dezembro de 2016







...Se ouvires, lá onde estás,
uma voz a nomear-te,
sou eu na viagem
a recordar-te.


Meira Delmar, A chamada










quinta-feira, 8 de dezembro de 2016




É Natal, nunca estive tão só.

Nem sequer neva como nos versos
do Pessoa ou nos bosques
da Nova Inglaterra.
Deixo os olhos correr
entre o fulgor dos cravos
e os diospiros ardendo na sombra.
Quem assim tem o verão
dentro de casa
não devia queixar-se de estar só,
não devia.



Eugénio de Andrade





segunda-feira, 5 de dezembro de 2016




... mas é provável é mesmo muito provável que algures nalguma parte profunda e
                                                                                                        perdida do meu corpo
continue vazia arejada e arrumada com o pó limpo uma sala
exclusivamente reservada à única pessoa verdadeiramente importante
até que um dia eu para sempre me veja disperso no vento e não passe
talvez de um secundaríssimo instrumento na complexa e simples orquestra do                                                                                                                                  vento



Ruy Belo, Em louvor do vento.
toda a terra
todos os poemas III










São tantos
os silêncios da fala

De sede
De saliva
De suor

Silêncios de sílex
no corpo do silêncio

Silêncios de vento
de mar
e de torpor

De amor...



Maria Teresa Horta,
 Silêncios da fala
in Poemário